Papel do professor-tutor como mediador no processo de formação profissional
DOI:
https://doi.org/10.14295/jmphc.v8i3.627Resumo
O papel do professor-tutor como mediador no processo de formação profissional Introdução Na última década, fez-se um grande esforço, no âmbito das graduações de profissões da saúde, para reorientar a formação de modo a melhor atender às necessidades do Sistema Único de Saúde, com importante influência das Diretrizes Curriculares Nacionais das profissões da saúde e do papel indutivo realizado pelos Ministérios da Saúde e Educação para se alcançar uma formação mais humanizada e desenvolvida mediante processo de ensino-aprendizagem em diferentes cenários e com práticas de interprofissionalidade. A educação interprofissional tem sido apontada como capaz de promover mudanças nos cenários de ensino, buscando práticas eficientes para o enfrentamento da complexidade dos problemas de saúde. E vem sendo, cada vez mais, valorizada dado o seu potencial na formação de profissionais de saúde mais preparados para o trabalho em equipe, característica essencial para se alcançar um cuidado integral de indivíduos, famílias e comunidades. Nesta perspectiva, o objetivo deste estudo foi compreender a percepção e a vivência de educação interprofissional, nas disciplinas de Interação Universidade, Serviços e Comunidade I e II, entre discentes dos cursos de Medicina e Enfermagem da Faculdade de Medicina de Botucatu. Método Realizou-se pesquisa de natureza qualitativa, que teve a entrevista semiestruturada como instrumento de coleta de dados. A organização e análise dos dados empregada foi orientada segundo a Análise Temática de Conteúdo proposto por Bardin. Como resultados, emergiram três categorias temáticas: A experiência de Educação interprofissional permite que o aluno compreenda melhor o colega do outro curso; Aprender sobre o outro traz benefícios para a formação profissional; O papel do professor-tutor como mediador no processo de formação profissional. A seguir apresentar-se-á os resultados relacionados a essa última categoria temática. Fizeram parte deste estudo dez alunos dos cursos de medicina e enfermagem que vivenciaram a educação interprofissional nas disciplinas referidas, sendo três do sexo masculino e sete do sexo feminino, cinco de cada um dos cursos de graduação, cujas idades variaram entre 19 e 30 anos. Foram atribuídos nomes fictícios e alterada ou suprimida qualquer informação que pudesse identificar os discentes. A letra após os diálogos tem a intenção de identificar de qual curso é o aluno: E (enfermagem) ou M (medicina). Resultados Parte dos discentes apontaram que aprender com um professor-tutor de formação diferente da sua limita o seu aprendizado e por isso aprenderam menos sobre assuntos específicos da sua profissão. Tal percepção vai ao encontro da formação profissional hegemônica nos cursos da saúde e que se distancia da prática interprofissional: Eu acho que talvez fique defasado, como a gente trabalha muito com assistência de enfermagem, cuidado de enfermagem e tudo mais, eu acho que talvez por esse lado fique faltando e poderia ser complementado (Graziella E). Por outro lado, alguns alunos reconheceram que aprender com um professor-tutor com uma formação diferente da sua foi positivo, valorizando tal proposta pedagógica: Eu achei melhor ter um tutor que não fosse médico, porque eu acho que a gente vai ter essa experiência só depois [...] achei que foi importante eles trazerem umas coisas diferentes, informações diferentes por outros caminhos que eu acho que não teria sido feito por alguém que fosse médico (Cláudia M). O material empírico mostrou que quando o professor-tutor era enfermeiro, despertou o interesse dos alunos da medicina para a profissão o que proporcionou um novo olhar em relação a essa categoria profissional. Dessa forma, a educação interprofissional apresenta-se como uma possibilidade de mudar atitudes e percepções sobre a profissão do outro e, ainda, aumentar a confiança entre as mesmas, proporcionadas pela socialização das categorias profissionais (REEVES, 2016). Por isso há de se pensar que algumas barreiras nas relações entre os alunos podem ser criadas ou, até mesmo, reforçadas pelo próprio professor-tutor, dificultando, assim, que a educação interprofissional e a troca de saberes entre os mesmos ocorram: No primeiro ano eu percebia o grupo mais unido. Agora no segundo, teve aquela divisão de enfermagem e medicina. [...] Então, acho que pelo jeito do professor não querer estar lá todo mundo junto, todo mundo unido pra isso, eu acho que dividiu de verdade. (Rosa E). O papel de mediador do professor-tutor ficou evidente como sendo primordial para a realização das atividades propostas nas disciplinas e aquele que por meio da educação interprofissional transcende qualquer obstáculo existente entre os cursos. Outro aspecto em relação ao professor-tutor é a empatia, identificada pelos entrevistados como uma habilidade/competência facilitadora para a realização das atividades bem como a experiência prévia em lecionar: No primeiro ano a gente já tem aquele laço com o professor, então, deixar o mesmo tutor no segundo ano, também, seria bom, porque ela já sabe até que ponto ela pode deixar a gente ir e até que ponto ela pode puxar a rédea. (Rosa E). [...] não vi diferença nenhuma por elas serem de outra área profissional [...] Agora uma coisa que influenciou é a experiência (em lecionar) (Graziella E). O professor-tutor desempenha função ímpar ao ser considerado como o indivíduo que “encanta os estudantes para que se tornem seres conscientes de seu papel enquanto aprendiz e indivíduo com responsabilidade social” (SILVA, 2011, p. 172). Outra questão a ser pontuada é a de que o professor-tutor pode proporcionar momentos de troca de saberes dos alunos entre si, dos alunos com os profissionais dos serviços de saúde, corroborando para as diversas oportunidades da educação interprofissional e da prática colaborativa. Igual a uma paciente que eu atendi e acompanhei. Ela tinha problema de memória e não sabia lidar com isso. Cheguei no Posto e falei com o meu professor e ele falou assim: ‘conversa com a médica, vê até onde isso a afeta, por quê que isso acontece e depois a gente vem e conversa sobre isso com a enfermeira, também”. (Rosa E) [...] você tinha que buscar, trazer e compartilhar com o grupo. Então aconteciam discussões. E no final ela sempre [...] acrescentava uma informação. [...] porque você acabava buscando o conhecimento e complementando com o que o outro trazia”. (Thereza E) De acordo com Paulo Freire: “O educador já não é aquele que apenas educa, mas, o que enquanto educa, é educado em diálogo com o educando que ao ser educado também educa [...]” (FREIRE, 2011, p. 68); e, por isso, a compreensão, por parte dos professores, desse modo de ensinar e, também, da lacuna existente entre o profissional que se quer formar mediante as reais necessidades dos serviços de saúde e o preparo dado na formação desse é de extrema importância. Considerações finais Nesse sentido o papel do professor-tutor é primordial por esse ser o mediador entre a teoria e a prática e um facilitador de todo o processo de ensino-aprendizagem do aluno, e, ainda, por dar sustentação ao uso da educação interprofissional como ferramenta de ensino e potencializar uma futura prática profissional colaborativa.
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