Consequências da EC95/2016 para o SUS frente ao envelhecimento populacional

revisão de literatura

Autores

  • Brenda Pereira Ferreira FACULDADE DE SAUDE PUBLICA DA USP
  • Brunna Gondinho

DOI:

https://doi.org/10.14295/jmphc.v12.1070

Palavras-chave:

Recursos em Saúde, Recursos Financeiros em Saúde, Sistema Único de Saúde, Dinâmica Populacional, Envelhecimento

Resumo

A estrutura etária de uma população em um determinado período é resultante da dinâmica populacional observada nos anos anteriores. No Brasil, para a média de sua população, o processo de transição demográfica iniciou-se na década de 1930 com o declínio das taxas de mortalidade, especialmente infantil, sendo que até o final dos anos 1960 o nível da fecundidade manteve-se praticamente constante. Duas décadas após, o declínio da fecundidade foi o principal fator responsável pelas mudanças na estrutura etária da população brasileira, e espera-se que os ganhos de longevidade desempenhem um papel crescente nos próximos anos. Segundo projeções do IBGE, em 2042 a população brasileira atinja 232,5 milhões de habitantes, sendo 57 milhões de idosos (24,5 da população total). O contexto de envelhecimento populacional afeta diretamente o sistema de saúde, uma vez que os padrões de gastos com saúde têm diferenças significativas em função da idade. As despesas assistenciais apresentam alto custo na infância e significativo aumento com o avançar da idade, principalmente nas últimas décadas de vida. O aumento dos gastos com saúde, ocasionado pelo envelhecimento da população, tem impulsionado o debate sobre a sustentabilidade dos serviços de saúde oferecidos tanto pelo Sistema Único de Saúde (SUS) quanto pela saúde suplementar. Nesse sentido, é fundamental a construção de políticas públicas de garantia de direitos que protejam as pessoas idosas em suas necessidades, garantam sua participação e reduzam as desigualdades. No Brasil, a Política Nacional do Idoso foi promulgada em 1994 e regulamentada em 1996 (Lei n. 8.842/94 e Decreto n. 1.948/96), assegurando direitos sociais à pessoa idosa, definida como a pessoa que tem 60 anos ou mais de idade e em 2003, o Estatuto do Idoso (Lei n. 1.0741/2003), reafirmou os direitos dos idosos na área da Saúde, vedando a discriminação do idoso nos planos de saúde pela cobrança de valores diferenciados em razão da idade e assegurando a atenção integral à saúde do idoso, por intermédio do SUS. Não há como compreender o financiamento em saúde pública, sem considerar a Emenda Constitucional n.º 95 de 15 de dezembro de 2016, também conhecida como a Emenda Constitucional do Teto dos Gastos Públicos, onde foi estabelecido um “teto” para as despesas primárias até 2036 com o objetivo de formar superávits primários para pagamento de juros e amortização da dívida pública (que correspondem as despesas financeiras não submetidas ao mesmo “teto”), mas também criada uma regra de cálculo de “congelamento” desse “teto” por 20 anos – manter o valor das despesas pagas em 2016 atualizadas anual pela respectiva variação do IPCA/IBGE (índice oficial da inflação) e, para a saúde, manter o valor de 15% da Receita Corrente Líquida de 2017 como um “piso/teto” atualizado anualmente pela variação do IPCA/IBGE. Na prática, a consequência final da aprovação dessa Emenda é a deterioração das condições de saúde da população, pois o desfinanciamento federal do SUS prejudica também o financiamento das ações desenvolvidas pela rede de saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Revisar a literatura cientifica sobre as consequências da EC95/2016 para o sistema de saúde brasileiro, no cenário de envelhecimento populacional e consequentemente maior gastos pelas características de saúde dessa população. Como objetivos específicos, este estudo visa: a) revisar sobre as consequências da EC/95 para o SUS frente ao envelhecimento populacional, b) apontar os impactos da EC/95 para o SUS frente ao envelhecimento populacional. O estudo trata-se de uma revisão integrativa sistematizada, onde buscou-se por bibliografias que tratam sobre as consequências da EC/95 para o SUS em um contexto de envelhecimento populacional. O desenvolvimento para esta revisão foi estruturado por etapas: elaboração da pergunta norteadora, estabelecimento dos objetivos da revisão e critérios de inclusão e exclusão dos artigos; definição das informações a serem extraídas das pesquisas; seleção dos artigos na literatura; análise dos resultados; discussão dos achados e apresentação da revisão. A estratégia de busca foi realizada nas bases de dados (MEDLINE e LILACS) do portal da Biblioteca Virtual da Saúde (BVS). Foram adotados como critérios de inclusão, artigos com texto disponível completo, tipo de estudo: avaliação econômica em saúde, avaliação de tecnologias de saúde e revisão sistemática no período de 2015 até 2020, nos idiomas português, inglês e espanhol. Como critérios de exclusão, adotou-se: teses, documentários e livros. A partir do resultado encontrado, as publicações foram transpostas para o programa COVIDENCE, ferramenta que auxiliou em relação à retirada das duplicatas, às demais etapas de seleção e organização do fluxograma. Os artigos foram analisados com base no título e resumo, e após sua leitura na íntegra, foram separadas as publicações que responderam aos objetivos e questão norteadora do nosso estudo, perfazendo assim a amostra final deste trabalho. Para a organização dos estudos foi utilizado um roteiro com um quadro que identificará autores, título do periódico, objetivos do trabalho, tipo de estudo, país e ano de publicação. Analisados de forma descritiva, com base no roteiro supracitado, os resultados possibilitaram ao leitor a avaliação da aplicabilidade da revisão realizada. Foram selecionados os cruzamentos que apresentaram resultados mais expressivos na tentativa de responder à pergunta de pesquisa. A sintaxe escolhida foi: tw:((tw:(recursos em saude)) OR (tw:(recursos financeiros em saude)) OR(tw:(financiamento da assistencia a saude)) OR (tw:(financiamento dos sistemas de saude))OR (tw:(ec 95)) AND (tw:(sistema unico de saude)) OR (tw:(saude publica)) AND(tw:(envelhecimento)) OR (tw:(dinamica populacional). Com esses descritores, chegou-se a 288 resultados, dentre estes foram selecionados 12 para leitura na íntegra, os outros foram excluídos por não atenderem ao objetivo do estudo. Após análise criteriosa desses 12 artigos, foram selecionados 4 para análise reflexiva e discussão. Os demais resultados foram excluídos por não responderem à pergunta de pesquisa e estarem dentro dos critérios de exclusão do estudo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

1. RIGOTTI, José Irineu Rangel. Transição demográfica. Educ. Real. Aug 2012 v. 37, n. 2, p. 467-490, Porto Alegre. 2. SANTOS, Samara Lauar; TURRA, Cássio M.; NORONHA, Kenya. Envelhecimento populacional e gastos com saúde: uma análise das transferências intergeracionais e intrageracionais na saúde suplementar brasileira. Rev. bras. estudo populacional, v. 35, n. 2, e0062, 2018.

3. Fonte: IBGE/Diretoria de Pesquisas. Coordenação de População e Indicadores Sociais. Gerência de Estudos e Análises da Dinâmica Demográfica. Projeção da população do Brasil por sexo e idade para o período 2010-2060. 4. MARIANO, CYNARA MONTEIRO. Emenda constitucional 95/2016 e o teto dos gastos públicos: Brasil de volta ao estado de exceção econômico e ao capitalismo do desastre. Rev. Investig. Const. [online]. 2017, vol.4, n.1 pp.259-281. 5. LOUVISON, Marília Cristina Prado e BARROS, Sonia. Políticas públicas e envelhecimento: a construção de uma política de direitos e os desafios da atenção integral à saúde da pessoa idosa no SUS. BIS, Bol. Inst. Saúde (Impr.) [online]. 2009, n.47 [citado 2020-07-16], pp. 09-15. Disponível em: <http://periodicos.ses.sp.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1518-1812200 000200003&lng=pt&nrm=iso>. ISSN 1518-1812. 6. SOUZA, Marcela Tavares de; SILVA, Michelly Dias da and CARVALHO, Rachel de. revisão integrativa: o que é e como fazer. Einstein (São Paulo) [online]. 2010, vol.8, n.1 [cited 2020-07-16], pp.102-106. 7. LIBERATO, S. M. D., Souza, A. J. G. de, Gomes, A. T. de L., Medeiros, L. P. de, Costa, I. K. F., & Torres, G. de V. (2014). Relação entre adesão ao tratamento e qualidade de vida: revisão integrativa da literatura. Revista Eletrônica de Enfermagem, 16(1), 191-8.

Downloads

Publicado

22-05-2021

Como Citar

1.
Pereira Ferreira B, Gondinho B. Consequências da EC95/2016 para o SUS frente ao envelhecimento populacional: revisão de literatura. J Manag Prim Health Care [Internet]. 22º de maio de 2021 [citado 21º de novembro de 2024];12(spec):1-2. Disponível em: https://jmphc.emnuvens.com.br/jmphc/article/view/1070

Artigos Semelhantes

<< < 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.