Análise dos fatores que explicam variações nos preços praticados em compras de medicamentos quimioterápicos para o sistema único de saúde (SUS) a partir de modelo econométrico
DOI:
https://doi.org/10.14295/jmphc.v11iSup.885Resumo
As aquisições de medicamentos representam um dos principais custos do Sistema Único de Saúde (SUS). Especificamente no que diz respeito aos tratamentos contra o câncer, a relevância dos gastos com medicamentos nos custos totais dos tratamentos se mostra ainda mais alta se comparada com outras especialidades. Os chamados tratamentos sistêmicos do câncer – que incluem a quimioterapia, a imunoterapia, a hormonioterapia e a terapia alvo – são caracterizadas pelo uso intensivo de substâncias para o combate ou controle da doença. A alta materialidade das despesas com aquisições de medicamentos quimioterápicos para o SUS e custo crescente dos preços desses produtos, que reflete os avanços tecnológicos da indústria farmacêutica, exigem a adoção de estratégias voltadas a otimizar as aquisições e, por consequência, alcançar a viabilidade financeira do sistema de saúde público e universal. Destaca-se que, em que pese a importância dos medicamentos nos tratamentos sistêmicos contra o câncer, tais medicamentos não integram a política de assistência farmacêutica do SUS. Com isso, existem diferentes tipos de aquisições de quimioterápicos para o SUS. Via de regra, as aquisições desses medicamentos são feitas pelos estabelecimentos de saúde que ofertam os tratamentos, sendo que esses estabelecimentos podem ser públicos ou privados. Entretanto, dada as especificidades regionais e dos tipos de tratamentos, alguns quimioterápicos são adquiridos por Secretarias de Saúde (estaduais e municipais) e até mesmo pelo Ministério da Saúde. Essas características dificultam a obtenção de dados acerca das compras públicas dos medicamentos quimioterápicos, inclusive quanto aos preços praticados, quantidades e fornecedores. Nesse contexto, essa pesquisa tem o objetivo de analisar dados relativos a compras de medicamentos quimioterápicos para o SUS, de modo a identificar os fatores que influenciam as variações de preços praticados. Por consequência, essa análise fornece subsídios para a definição de estratégias voltadas à minimização dos custos para o SUS a partir do gerenciamento das variáveis consideradas nesse modelo. Na primeira etapa dessa pesquisa, foi definida uma amostra de 40 medicamentos quimioterápicos a partir da identificação dos medicamentos mais recorrentes nas Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas (DDT) elaboradas pelo Ministério da Saúde para os principais tipos de câncer. A segunda etapa consistiu no levantamento de dados sobre aquisições desses medicamentos realizadas no ano de 2017. Para tanto, foram utilizadas diversas fontes, tais com o Sistema Integrado de Administração de Serviços Gerais (SIASG), para as aquisições realizadas por unidades da Administração Pública Federal e o Banco de Preços em Saúde (BPS). Além das consultas a dados abertos, utilizou-se da Lei de Acesso à Informação (LAI) para obter informações relacionadas às aquisições realizadas por governos estaduais. Por fim, foram solicitadas informações diretamente a 20 hospitais filantrópicos habilitados para o tratamento contra o câncer pelo SUS, o que resultou na resposta de 12 hospitais. Dessa forma, foram coletadas informações referentes a 3.037 aquisições de quimioterápicos realizadas em 2017 em 24 estados diferentes, que totalizam R$ 1.363.733.585,82. Além dos preços unitários e das quantidades adquiridas, foram tabulados os dados relativos aos fornecedores, aos municípios onde as aquisições foram realizadas bem como aos próprios medicamentos adquiridos. Com os dados tabulados, foi construído um modelo de regressão linear onde a variável dependente corresponde à variação do preço unitário praticado. Para tanto, foi calculado, para cada registro da pesquisa, a diferença do preço unitário praticado com a mediana do preço unitário para aquele mesmo medicamento, considerando todo o conjunto de dados. Como variáveis explicativas, considerou-se: a quantidade adquirida, o PIB per capita do estado – como proxy do nível de desenvolvimento da localidade onde a aquisição foi realizada, a natureza jurídica da unidade contratante, a quantidade de registros na Anvisa que o medicamento possui, o tipo de fornecedor – que pode ser o próprio laboratório detentor do registro ou empresa de distribuição, e a modalidade de seleção do fornecedor. Os parâmetros do modelo construído explicam cerca de 10% das variações de preços dos medicamentos (R²). A variável explicativa relacionada à quantidade adquirida corrobora o entendimento de que as compras em grande escala tendem a reduzir o preço unitário praticado. De acordo com o modelo, o aumento de mil unidades na quantidade de medicamentos adquiridos reduz o preço unitário em 1,08%, mantidas as demais variáveis constantes. Outra variável com características semelhantes à quantidade adquirida no modelo é o PIB per capita do estado onde ocorreu a aquisição. Nesse caso, verificou-se que o aumento no PIB per capita influencia negativamente a variação dos preços unitários. O modelo indica ainda que o aumento na quantidade de registros existentes influencia positivamente na variação dos preços praticados. Essa situação vai de encontro ao entendimento de que o aumento da competitividade, via aumento na quantidade de registros para aquele medicamento, acarretaria diminuição dos preços praticados. Ao invés disso, o resultado do modelo se coaduna com o entendimento de que na existência de monopólios ou oligopólios prevalece as políticas de preços instituídas pelos agentes que atuam no setor, ou seja, há pouca variabilidade dos preços unitários. Quanto às variáveis dummies do modelo, chegou-se à conclusão de que os preços tendem a diminuir quando as aquisições são feitas diretamente junto aos laboratórios se comparado às aquisições junto a distribuidores. Além disso, o modelo indica que os preços nas aquisições realizadas via dispensa de licitação são maiores que aquelas realizadas via pregão, inexigibilidade ou em aquisições privadas. Por fim, o modelo aponta que os menores preços são alcançados nas compras realizadas por órgãos vinculados ao Ministério da Saúde, seguido pelas aquisições realizadas por Secretarias Estaduais de Saúde. Já os preços praticados nas aquisições realizadas por hospitais filantrópicos, por hospitais universitários ou por hospitais militares se mostram maiores. Esses resultados permitem extrair conclusões relacionadas à variação dos preços praticados nas aquisições de medicamentos quimioterápicos para o SUS. A principal conclusão é a materialização dos ganhos de escala. Nesse sentido, os coeficientes da regressão revelam que há evidência de que a centralização de aquisições de medicamentos, seja em nível estadual ou municipal, deve acarretar diminuição nos valores unitários praticados.
Downloads
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Documentação
Conforme diretrizes estabelecidas pelo International Commiteee of Medial Journal Editors, os autores devem encaminhar os seguintes documentos, quando da submissão do manuscrito:
- Carta de Apresentação
- Declaração de Responsabilidade
- Termo de transferência de Direitos Autorais
Modelos de documentos
- a) CARTA DE APRESENTAÇÃO
Cidade, _[dia]__ de Mês de Ano.
Prezado Sr. Editor, Revista JMPHC
Submetemos à sua apreciação o trabalho “____________[título]_____________”, que se encaixa nas áreas de interesse da JMPHC. A revista foi escolhida [colocar justificativa da escolha da revista para a publicação do manuscrito].
O autor 1 participou da concepção, planejamento, análise, interpretação e redação do trabalho; e, o autor 2 participou na interpretação e redação do trabalho. Ambos/todos os autores aprovaram a versão final encaminhada.
O trabalho está sendo submetido exclusivamente à JMPHCD. Os autores não possuem conflitos de interesse ao presente trabalho. (Se houver conflito, especificar).
__________________________________
nome completo do autor 1 + assinatura
__________________________________
nome completo do autor 2 + assinatura
- b) DECLARAÇÃO DE RESPONSABILIDADE
Eu, (nome por extenso), certifico que participei da autoria do manuscrito intitulado (título) nos seguintes termos:
“Certifico que participei suficientemente do trabalho para tornar pública minha responsabilidade pelo seu conteúdo.”
“Certifico que o manuscrito representa um trabalho original e que nem este manuscrito, em parte ou na íntegra, nem outro trabalho com conteúdo substancialmente similar, de minha autoria, foi publicado ou está sendo considerado para publicação em outra revista, quer seja no formato impresso ou no eletrônico, exceto o descrito em anexo.”
“Atesto que, se solicitado, fornecerei ou cooperarei totalmente na obtenção e fornecimento de dados sobre os quais o manuscrito está baseado, para exame dos editores.”
Contribuição: _______________________________________________________________
_________________________ ___________________
Local, data Assinatura
- c) TERMO DE TRANSFERÊNCIA DE DIREITOS AUTORAIS
Eu/Nós, ______autor/es_____________ concordo(amos) que os direitos autorais referentes ao manuscrito [TÍTULO], aprovado para publicação na Revista JMPHC, serão propriedade exclusiva da revista, sendo possível sua reprodução, total ou parcial, em qualquer outro meio de divulgação, impresso ou eletrônico, desde que citada a fonte, conferindo os devidos créditos à Revista JMPHC, sob a Licença Creative Commons CC BY (https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/deed.pt).
Autores:
_______________________ ____________________________
Local, data NOME COMPLETO + Assinatura
_______________________ ____________________________
Local, data NOME COMPLETO + Assinatura