O complexo econômico industrial da saúde e o desenvolvimento econômico

uma revisão da literatura

Resumo

A interconexão entre saúde e desenvolvimento é fundamental no para o modo de produção capitalista. A saúde não é apenas um estado individual, mas um reflexo das condições mais amplas que moldam o contexto em que vivemos. O desenvolvimento não deve ser analisado meramente através de indicadores de crescimento econômico, mas como a multitude de transformações que permeiam todos os aspectos da vida em uma sociedade. É a interseção da inovação tecnológica, das mudanças na estrutura produtiva e do aprimoramento do padrão de vida. Na saúde, esse desenvolvimento se manifesta das mais diversas maneiras. O complexo produtivo da saúde é um campo onde a inovação tecnológica e a acumulação de capital não apenas impulsionam a economia, mas também abrem portas para melhorias tangíveis na qualidade de vida das pessoas. No Brasil, o Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS) emerge como um protagonista crucial no panorama econômico contemporâneo, representando um intricado conjunto de atividades que abrange a produção, distribuição e consumo de bens e serviços relacionados à saúde. Este complexo, retomado como principal item da política de economia da saúde do Governo Lula (2023–2026) não é apenas uma engrenagem econômica, mas é, também, um catalisador de inovação e progresso, inerentemente ligado à Ciência e Tecnologia (C&T). Neste sentido, este trabalho visa identificar o que a literatura científica apresenta sobre a importância do Complexo Econômico-Industrial da Saúde, em termos de desenvolvimento econômico. Este trabalho se trata de uma revisão sistemática integrativa, em que foi feita uma busca junto ao portal da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS). Para a busca no portal BVS, os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) indexados foram estabelecidos de acordo com os itens-chave da pergunta de pesquisa, sendo para o pólo ”fenômeno”, “complexo Economico-Industrial da saúde” e para o pólo ”população”, “desenvolvimento econômico”. A partir dos descritores escolhidos para cada pólo, definiu-se a seguinte sintaxe: (mh:(mh:((mh:("Complexo Economico-Industrial da Saude")) OR (mh:("Politica Nacional de Ciencia, Tecnologia e Inovacao")) OR (mh:("Politicas e Cooperacao em Ciencia, Tecnologia e Inovacao")) OR (mh:("Indicadores de Ciencia, Tecnologia e Inovacao"))))) AND (mh:((mh:("Desenvolvimento Economico")) OR (mh:("Organizacao para a Cooperacao e Desenvolvimento Economico")) OR (mh:("Desenvolvimento Sustentavel")) OR (mh:("Organizacao para a Cooperacao e Desenvolvimento Economico")) OR (mh:("Indicadores de Desenvolvimento")) OR (mh:("Politica de Inovacao e Desenvolvimento")) OR (mh:("Desenvolvimento Industrial")))). Essa sintaxe produziu 32 estudos identificados (3 de dezembro de 2023). Das 32 publicações, foram retiradas seis consideradas repetidas. Em seguida, foram excluídas 13 publicações que não eram artigos científicos, incluindo dois documentos técnicos, nove monografias, uma tese e uma resenha. A etapa seguinte envolveu a análise dos títulos e resumos, resultando na exclusão de sete publicações que não abordavam os temas da pesquisa. Na quarta etapa, todos os artigos relevantes foram identificados e nenhum foi excluído, uma vez que todos estavam disponíveis. Finalmente, após a leitura completa dos artigos, uma publicação foi excluída por não se enquadrar no escopo da pergunta de pesquisa, resultando em cinco artigos incluídos na revisão de literatura. O pequeno número de artigos encontrado na literatura pode ser explicado pelo fato do tema Complexo Econômico Industrial da Saúde ser recente no âmbito da discussão do país, em geral, e do Sistema Único de Saúde (SUS), em particular. Para a análise dos cinco artigos, optou-se por organizá-la em três dimensões, a saber: a) abordagem sobre Inovação Tecnológica do CEIS; b) abordagem sobre Desenvolvimento Econômico; e, c) abordagem sobre a relação entre a Inovação Tecnológica do CEIS e Desenvolvimento Econômico. Espera-se, com essa revisão, incentivar o debate sobre o Complexo Econômico Industrial da Saúde no Brasil, contribuindo para a redução da vulnerabilidade externa do setor saúde e, principalmente, do SUS.