A saúde coletiva nos currículos de fisioterapia no Brasil

integração ou obrigação?

Autores

  • Júlia Andrade Freitas Ribeiro de Souza Universidade Federal de São Paulo – Unifesp, Programa de Pós-graduação em Ensino em Ciências da Saúde, Centro de Desenvolvimento do Ensino Superior em Saúde – Cedess. São Paulo, SP, Brasil. https://orcid.org/0000-0003-3650-4481
  • Leonardo Carnut Universidade Federal de São Paulo – Unifesp, Programa de Pós-graduação em Ensino em Ciências da Saúde, Centro de Desenvolvimento do Ensino Superior em Saúde – Cedess. São Paulo, SP, Brasil. https://orcid.org/0000-0001-6415-6977
  • Lucia Dias da Silva Guerra Universidade de São Paulo – USP, Faculdade de Medicina – FM, Departamento de Medicina Preventiva. São Paulo, SP, Brasil. https://orcid.org/0000-0003-0093-2687

DOI:

https://doi.org/10.14295/jmphc.2025-v17.1392

Palavras-chave:

Currículo, Universidades, Acupuntura; Saúde pública; Promoção da saúde; Terapias Complementares; Medicina Tradicional Chinesa

Resumo

Objetivou-se analisar o que as matrizes curriculares e os projetos político pedagógicos dos cursos de graduação de Fisioterapia das instituições públicas brasileiras apresentam sobre as disciplinas relacionadas à saúde coletiva. Foram analisadas um total de 47 instituições e foi criado um corpus textual piloto para melhor organização dos dados que continha informações como: Objetivos do Curso; Perfil do Egresso; Eixos Norteadores; Disciplinas Obrigatórias e Optativas; Relevância e coerência com a demanda geográfica; e Avaliação institucional. Quanto a análise dos materiais, foi elaborada uma síntese das informações contidas no PPP através da análise de conteúdo de Bauer. Os excertos mais significativos foram interpretados pela perspectiva crítica sobre os currículos a luz do que preconiza Althusser. As disciplinas mais frequentes encontradas nos currículos foram as relacionadas as categorias, ”atuação na saúde coletiva” e ”fisioterapia na saúde coletiva”, contudo os currículos apresentam as mesmas de forma minimalista frente as demais disciplinas que integram os currículos do curso de fisioterapia, tornando-se apenas mais um papel a ser cumprido.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Leonardo Carnut, Universidade Federal de São Paulo – Unifesp, Programa de Pós-graduação em Ensino em Ciências da Saúde, Centro de Desenvolvimento do Ensino Superior em Saúde – Cedess. São Paulo, SP, Brasil.

Leonardo Carnut é Professor Adjunto da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e é vice-coordenador do Programa de Pós-graduação em Ensino em Ciências da Saúde (PPGECS). Tem pós-doutorado em Saúde Pública (Ciências Sociais e Humanas em Saúde) pela Universidade de São Paulo (USP) em associação com a Universidad Nacional de La Plata (UNLP) e concluiu o doutorado em Saúde Pública (Política, Gestão e Saúde) pela mesma instituição em 2015. É graduado em Odontologia pela Universidade de Pernambuco (2006) e em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Pernambuco (2014). Mestre em Odontologia (Saúde Coletiva) (2011) (UPE), em Educação nas Profissões da Saúde (2019) (PUC-SP) e em Bioética (Complejidad Política del Discurso) (2021) (UMSA, Argentina). É especialista em diversas subáreas. Publicou 2 livros, 3 capítulos de livros, 87 artigos científicos em periódicos especializados. Apresentou 365 trabalhos em eventos, dos quais 202 estão publicados em Anais. Ministrou cursos, integrou comissões organizadoras de eventos e participou de eventos técnico-científicos, no Brasil e no exterior. É Professor Convidado de universidades brasileiras como a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e internacionais tais como a Queen Mary University of London (QMUL). Integrou 100 bancas julgadoras de mérito acadêmico (mestrado, doutorado, trabalhos de conclusão, concursos públicos e outras). Orienta 5 dissertações de mestrado e coorienta 4 teses de doutorado na área de Saúde Coletiva (Ensino em Saúde). Orientou 30 trabalhos de conclusão (especialização e graduação) e 12 iniciações científicas. É consultor de 22 revistas científicas e Editor Científico da Journal of Management and Primary Health Care. Detém ampla formação universitária que transita entre a Saúde Coletiva, Ciência Política, Sociologia e Educação na perspectiva crítica marxista. Em suas atividades profissionais interagiu com 234 autores em co-autorias de trabalhos acadêmicos e técnico-científicos cujas temáticas se referem à Teoria Política; Economia Política; Economia da Saúde; Política, Planejamento e Gestão em Saúde; Gerencialismo; Ciências Sociais e Humanas em Saúde e Educação Universitária. Foi consultor ad hoc da Fapemig, Coordenador do Coletivo Formação é Política sediado na Associação Paulista de Saúde Pública (APSP) e membro de diversas entidades como Comissão de Política, Planejamento e Gestão (Abrasco), GT em Organizaciones y Movimientos Sociales en Salud (Alames), Associação Brasileira de Educadores Marxistas (ABEM), membro da Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS) e da Asociación Latinoamericana de Ciencia Política (Alacip). Email: leonardo.carnut@unifesp.br

Lucia Dias da Silva Guerra, Universidade de São Paulo – USP, Faculdade de Medicina – FM, Departamento de Medicina Preventiva. São Paulo, SP, Brasil.

É Doutora em Ciências pelo Programa de Nutrição em Saúde Pública da FSP-USP (2017). Pós Doutora em Saúde Global e Sustentabilidade FSP-USP (2020). Mestre em Saúde Coletiva pelo ISC-UFMT (2011) e Graduada em Nutrição pela FANUT-UFMT (2008). Possui Aprimoramento em Direito Sanitário e Advocacia em Saúde pela FSP/USP/CEPEDISA e SES-SP (2017). Aperfeiçoamento em Processos Educacionais na Saúde com ênfase em Metodologias Ativas de Ensino-Aprendizagem pelo Instituto Sírio Libanês de Ensino e Pesquisa (2014). Tem inserção internacional em universidades latino-americanas: Universidad Autónoma Metropolitana do México (UAM-Xochimilco) e Benemérita Universidad Autónoma de Puebla (BUAP) (México), Universidad de San Marcos (Peru), Universidad Antioquia (Colômbia) e Pontificia Universidad Javeriana, Cali. Foi professora substituta na Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA-ISC) na área de Antropologia, Direito e Ética em Saúde, no Instituto de Saúde Coletiva, no curso de graduação em Saúde Coletiva e bacharelado Interdisciplinar em Saúde (2022). Foi professora substituta na Universidade de São Paulo (USP-FSP) na área de Vigilância e Proteção à Saúde, no Departamento de Política, Gestão e Saúde, no curso de graduação em Saúde Pública (2023). Foi professora na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-Sorocaba) na área de Ciências Biológicas, no Departamento de Medicina, no curso de graduação em Medicina (2017). Atuou como pesquisadora visitante na Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho (FUNDACENTRO-S) (2020-2022). Orientou no Curso de Especialização em Saúde Coletiva: "Concentração em Monitoramento, Avaliação e Informação Estratégica" da Universidade Federal da Bahia (ISC-UFBA), modalidade EAD (2020). Foi pesquisadora no projeto QualiSUS Rede-Avaliação da Atenção Primária à Saúde (APS) (Fiocruz/RJ). Participou de projetos de cooperação internacional Lancet Brazil Case Study - Projeto Researching the Universal Health Coverage (UHC), Health Security (HS) and Health Promotion (HP) triangle in Brazil (FSP-USP); E-democracia (USP e Universidade de Paris V, Projeto USP-COFECUB), Regulação de Profissões de Saúde no Brasil (OPAS-MS/CEPEDISA-USP). Projetos de extensão: Melhorando a Prevenção e Controle de Infecção para resposta a COVID-19 no Brasil PREVCOVID-BR (EE-USP e CDC-EUA); Segurança alimentar e nutricional no Centro de Referência para Prevenção e Controle de Doenças Relacionadas à Nutrição (CRNutri/ Centro de Saúde Escola Geraldo de Paula Souza). Foi membro do Núcleo de Pesquisa em Direito Sanitário - NAPDISA/Centro de Estudo e Pesquisa em Direito Sanitário (USP/2015-2020), Segurança Alimentar e Nutricional - formação e atuação profissional (USP/2012-2017), Núcleo de Segurança Alimentar e Nutricional (UFMT/2007-2011) e Estatística em Saúde, Medicina, Meio Ambiente e Agronomia (UFMT/2007-2011). No âmbito da gestão acadêmica foi representante discente em Conselhos e Comissões Universitárias desde a graduação ao doutorado. Atuou em cargos de liderança como coordenadora do Fórum Nacional de Pós-Graduandos em Saúde/ANPG (2011-2015); integrou o Fórum de Coordenadores de Cursos de Pós-Graduação da ABRASCO (2012-2015); foi presidente da Associação de Pós-Graduando da UFMT (2010-2011) e presidente do Centro Acadêmico de Nutrição FANUT-UFMT (2007-2009).Tem experiência e interesse no ensino, pesquisa e extensão na áreas: Formação Interdisciplinar em Saúde; Alimentação, Ambiente e Sociedade; Estado, Sociedade e Saúde; Antropologia, Direito e Ética em Saúde; Vigilância e Proteção à Saúde. Com ênfase nos seguintes temas: Segurança Alimentar e Nutricional; Direito Humano à Alimentação; Alimentação e Ciências Humanas e Sociais; Economia Política da Saúde, Economia Ecológica; Saúde e Alimentação na Região Amazônica. Co-organiza o Observatório de Economia Política da Saúde https://ecopolsaude.com.br/

Referências

Santos BM, Moraes MAA, Rocha Junior PR, Pinheiro OL, Souza JAFR. Percepção de usuários sobre a atuação da fisioterapia nas visitas domiciliares: uma proposta de estágio em saúde coletiva. Temas Saude [citado 16 ago. 2022]. 2019;19(2):340-64. Disponível em: http://temasemsaude.com/wp-content/uploads/2019/05/19219.pdf.

Assis SO, Souza LC. Integração do fisioterapeuta junto a equipe multidisciplinar do programa de saúde da família. Visao Univ. 2017;1(1):1-14.

Souza MC, Bonfim AS, Souza JN, Franco TB. Fisioterapia e núcleo de apoio à saúde da família: conhecimento, ferramentas e desafios. Mundo Saude. 2013;37(2):176–184. https://doi.org/10.15343/0104-7809.2013372176184.

Neves LMT, Aciole GG. Desafios da integralidade: revisitando as concepções sobre o papel do fisioterapeuta na equipe de saúde da família. Interface (Botucatu). 2011;15(36):551–64. https://doi.org/10.1590/S1414-32832011005000010.

Bispo Junior JP, organizador. Fisioterapia e saúde coletiva: reflexões, fundamentos e desafios. São Paulo: Hucitec; 2013.

Schimit LAT. A incorporação dos conceitos de saúde e promoção da saúde na formação acadêmica. In: Anais do 5o Congresso Nacional da Rede Unida; 24 de maio de 2003; Londrina, PR. [Londrina]: Rede Unida; 2003.

Gerhard AC, Rocha JFB. A fragmentação dos saberes na educação científica escolar na percepção de professores de uma escola de ensino médio. Investig Ensino Cienc. 2012 [citado 07 fev. 2022];17(1):125-45. Disponível em: https://www.if.ufrgs.br/cref/ojs/index.php/ienci/article/view/210.

Ministério da Educação (BR). Resolução n. 4, de 14 de fevereiro de 2002. Institui diretrizes curriculares nacionais do curso de graduação em fisioterapia. Brasília, DF: MEC; 2002.

Pacheco EFH. Aspectos Históricos das Teorias do Currículo. Educere, 2017 [citado 04 fev. 2022]. Disponível em: https://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2017/23349_11677.pdf.

Rocha VM, Caldas MAJ, de Araújo FRO, Ragasson CAP, Santos MLM, Batiston AP. As diretrizes curriculares e as mudanças na formação de profissionais fisioterapeutas. Fisioter Braz. 2010;11(5): 4-8.

Bispo Júnior JP. Formação em fisioterapia no Brasil: reflexões sobre a expansão do ensino e os modelos de formação. Hist Cienc Saude Manguinhos. 2009;16(3):655–68. https://doi.org/10.1590/S0104-59702009000300005.

Conselho Nacional de Educação (BR). Resolução CNE/CES 4, de 19 de fevereiro de 2002. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Fisioterapia. [Brasília, DF]: CNE; 2002 [citado 14 jul. 2025]. Disponível em: https://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CES042002.pdf.

Kripka EML, Scheller M, Bonotto DL. Investigação qualitativa em educação. In: Atas 4º Congresso Ibero-Americano de Investigação Qualitativa - CIAIQ; 05-07 de agosto de 2015; Aracaju. Ludomedia; 2015 [citado 16 out. 2022]. Disponível em: https://ludomedia.org/publicacoes/livro-de-atas-ciaiq2015-vol-2-educacao/.

Sá-Silva JR, Almeida CD, Guindani JF. Pesquisa documental: pistas teóricas e metodológicas. Rev Bras Hist Cienc Soc. 2009 [citado 27 set. 2022];1(1):1-15. Disponível em: https://periodicos.furg.br/rbhcs/article/view/10351.

Galleguillos VSB, Carnut L, Guerra LDS. Estudar currículos, como fazer?: um infográfico para orientar a captação de matrizes no ensino superior. Rev Bras Ensino Cienc Tecnol. Publicação futura 2023.

Iglésias AG, Bollela VR. Integração curricular: um desafio para os cursos de graduação da área da saúde. Medicina (Ribeirão Preto). 2015:48(3):265-72. https://doi.org/10.11606/issn.2176-7262.v48i3p265-272.

Veiga IPA. Educação básica e educação superior: projeto político pedagógico. 3a ed. São Paulo: Papirus; 2008.

Pinto LAM, Rangel M. Projeto político pedagógico da escola médica. Rev Bras Educ Med. 28(3):251–25. https://doi.org/10.1590/1981-5271v28.3-032.

Bauer M W. Análise de conteúdo clássica: uma revisão. In: Bauer MW, Gaskell G, editores. Pesquisa qualitativa com texto: imagem e som. Rio de Janeiro: Vozes; 2002. p. 393-415.

Ollaik LG, Ziller HM. Concepções de validade em pesquisas qualitativas. Educ Pesqui. 2012;38(1):229–42. https://doi.org/10.1590/S1517-97022012005000002.

Althusser L. Ideologia e aparelhos ideológicos de estado. 3a ed. Lisboa: Editorial Presença; 1980.

Ministério da Saúde (BR). Resolução n. 510, de 07 de abril de 2016. Brasília, DF: MS; 2016 [citado 14 jul. 2025]. Disponível em: http://www.gov.br/conselho-nacional-de-saude/pt-br/atos-normativos/resolucoes/2016/resolucao-no-510.pdf/view.

Universidade Federal de Sergipe. Projeto político pedagógico. Sergipe: UFS; 2012.

Universidade Federal Rio Grande do Norte. Projeto político pedagógico. Natal: UFRN; 2019 [citado 03 maio 2022]. Disponível em: https://sigaa.ufrn.br/sigaa/public/curso/portal.jsf?id=2000042&nivel=G&lc=pt_BR.

Universidade do Estado da Bahia. Projeto político pedagógico. Salvador: UEBA; 2021 [citado 04 jun. 2022. Disponível em: https:// dvc1.uneb.br/wp-content/uploads/2021/06/PROJETO-PEDAGOGICO-23.pdf.

Althusser L. Ideologia e aparelhos ideológicos do estado. [local desconhecido: editora desconhecida]; 1970.

Universidade Federal de São Paulo. Projeto político pedagógico. [Santos]: Unifesp; 2016.

Universidade Federal de Uberlandia. Projeto político pedagógico. Uberlândia: UFU; 2008.

Ministério da Saúde (BR). Programa nacional de reorientação da formação profissional em saúde. Brasília, DF: MS; 2007 citado 25 out. 2022]. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/07_0323_M.pdf.

Downloads

Publicado

24-07-2025

Como Citar

1.
Souza JAFR de, Carnut L, Guerra LD da S. A saúde coletiva nos currículos de fisioterapia no Brasil: integração ou obrigação?. J Manag Prim Health Care [Internet]. 24º de julho de 2025 [citado 26º de julho de 2025];17:e001. Disponível em: https://jmphc.emnuvens.com.br/jmphc/article/view/1392

Edição

Seção

Artigos Originais