O impacto das ações da China, Estados Unidos e Rússia na diplomacia da vacina contra COVID-19

Autores

  • Leticia Henriques Cintra Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo
  • Maria Cristina da Costa Marques

DOI:

https://doi.org/10.14295/jmphc.v14.1277

Palavras-chave:

Diplomacia, Vacinação, COVID-19, China, Estados Unidos, Federação Russa

Resumo

O ano de 2020 iniciou-se com alto contágio da COVID-19 no mundo, levando a Organização Mundial de Saúde a classificá-la como pandemia. Sem vacinas ou outros medicamentos eficazes para combater o vírus, países recorreram a ações severas, antes impensáveis em um mundo globalizado: distanciamento social, quarentenas, lockdowns e fechamento de fronteiras; afetando a economia na busca da estagnação da disseminação intensa da COVID-19. Nas últimas décadas, o aprofundamento internacional da integração econômica, social, política e cultural ocasionou também fenômeno similar na saúde, que passou a ser elemento de responsabilidade coletiva mundial pela sua importância no desenvolvimento econômico e segurança nacional. Assim, para combater doenças e garantir saúde às populações, além de assegurar os interesses políticos e econômicos, surge a diplomacia da saúde global. Dela advém, com as mesmas estratégias geopolíticas, mas com foco vacinal, a diplomacia da vacina que contempla as ações conjuntas de países e atores não-estatais em prol da vacinação mundial. Frequentemente, as potências mundiais buscam ampliar sua influência geopolítica; situações como o cenário atual pandêmico possibilitou esta dinâmica através da distribuição de insumos e materiais hospitalares e o fornecimento de vacinas. Ainda em 2020, iniciou-se uma corrida pela vacinação para frear os impactos que o vírus trouxe para a sociedade; o avanço tecnológico permitiu o desenvolvimento da vacina, porém houve distribuição desigual entre os países do mundo favorecendo as nações com condições necessárias para a sua produção ou compra. Esses países, que rapidamente obtiveram as vacinas contra a COVID-19, agiram garantindo a vacinação dos seus nacionais, e, em alguns casos, por interesses geopolíticos estratégicos, paralelamente para países desassistidos. Atualmente, as duas maiores economias do mundo, China e Estados Unidos, disputam zonas de influência para garantir os mercados e posição hegemônica global. Os chineses ocupam hoje o espaço que coube aos soviéticos até 1991 com o fim da União Soviética; a Rússia perdeu influência, mas continua como uma potência que ameaça os Estados Unidos e a União Europeia. Durante este momento ímpar do século XXI, as ações empreendidas por esses países terão grande influência no cenário geopolítico mundial futuro. O objetivo deste estudo é analisar as publicações acerca das ações tomadas pela China, Estados Unidos e Rússia no uso da diplomacia da vacina contra COVID-19. Referente à metodologia, o estudo apresentado será realizado através de revisão sistemática com o uso das bases de dados, nacionais e internacionais: Biblioteca Virtual em Saúde – BVS, JSTOR, SAGE Publishing, Multidisciplinary Digital Publishing Institute – MDPI e PubMed. A problemática proposta no estudo se traduz na pergunta: “O que a literatura científica apresenta sobre a atuação e resultados da China, EUA e Rússia na diplomacia da vacina contra COVID-19?”. A busca de artigos científicos publicados foi de março/2020 até março/2022, período correspondente ao evento. O objetivo principal foi realizar busca com descritores, porém quando não possível por descritores, buscou-se em títulos, resumos e por palavras-chave. Na BVS, selecionou-se os seguintes Descritores de Ciências da Saúde – DeCS: Diplomacia, Diplomacia em Saúde, Estratégias de Saúde Globais, Saúde Global, Internacionalidade, Órgãos Governamentais, Cooperação Internacional, Atos Internacionais, Colaboração Intersetorial, Dissidências e Disputas, Política, Política de Saúde, Política Pública, Organização Mundial da Saúde, Nações Unidas, Vacinas contra COVID-19, Vacinação, Programas de Imunização, Vacinação em Massa, Imunização, COVID-19, SARS-CoV-2, Síndrome Respiratória Aguda Grave, Vírus da SARS, Pandemias, Coronavirus, China, Ásia, Estados Unidos, United States Dept. of Health and Human Services, América, América do Norte, Ocidente, Federação Russa e Europa (Continente). E utilizou-se para a busca na base de dados a seguinte sintaxe: (mh:((mh:(china)) OR (mh:(ásia)) OR (mh:("Estados Unidos")) OR (mh:("United States Dept. of Health and Human Services")) OR (mh:(américa)) OR (mh:("América do Norte")) OR (mh:(ocidente)) OR (mh:("Federação Russa")) OR (mh:("Europa (Continente)")) OR (mh:("Europa Oriental")))) AND (mh:((mh:(diplomacia)) OR (mh:("Diplomacia em Saúde")) OR (mh:("Estratégias de Saúde Globais")) OR (mh:("Saúde Global")) OR (mh:(internacionalidade)) OR (mh:("Órgãos Governamentais")) OR (mh:("Cooperação Internacional")) OR (mh:("Atos Internacionais")) OR (mh:("Colaboração Intersetorial")) OR (mh:("Dissidências e Disputas")) OR (mh:(política)) OR (mh:("Política de Saúde")) OR (mh:("Política Pública")) OR (mh:("Organização Mundial da Saúde")) OR (mh:("Nações Unidas")))) AND (mh:((mh:("Vacinas contra COVID-19")) OR (mh:(vacinação)) OR (mh:("Programas de Imunização")) OR (mh:("Vacinação em Massa")) OR (mh:("Imunização")))) AND (mh:((mh:("COVID-19")) OR (mh:("SARS-CoV-2")) OR (mh:("Síndrome Respiratória Aguda Grave")) OR (mh:("Vírus da SARS")) OR (mh:(pandemias)) OR (mh:(coronavirus)))). Na JSTOR, selecionou-se as palavras-chave nos resumos (abstract): Diplomacy, Vaccine, Covid-19, Coronavirus, China, United States e Russia. Sendo a sintaxe utilizada para busca: Diplomacy AND Vaccine AND COVID-19 OR Coronavirus AND China OR “United States” OR Russia. Na SAGE, foram eleitas as palavras-chaves: vaccine, geopolitics e vaccine diplomacy. Já a sintaxe para a busca foi vaccine AND geopolitics OR vaccine diplomacy. Na MDPI, optou-se por vaccine e diplomacy como título/palavras-chaves, sendo a sintaxe de busca:  Vaccine OR diplomacy. Finalmente, na PubMed utilizou-se diplomacy, em vocabulário controlado (MeSH (Major)) e sintaxe correspondente. E em título/resumo optou-se por vaccine diplomacy e geopolitics, tendo como sintaxe de busca: vaccine diplomacy OR geopolitics. Sobre os resultados esperados, pretende-se examinar os países e regiões no mundo que fazem uso de vacinas contra a COVID-19 distribuídas pela China, EUA e Rússia; analisar as intenções políticas e econômicas destas distribuições; avaliar os resultados decorrentes destas estratégias e o impacto delas na configuração de forças da geopolítica mundial. Considerações finais: não houve publicação relevante em 2020 localizada; o estudo trata de uma problemática deveras atual, de modo que os artigos encontrados indicam a necessidade de revisão futura das conclusões preliminares. Igualmente, encontrou-se análises em jornais, blogs e colóquios, não incluídas na revisão, confirmando a atualidade do tema e a expectativa de novas publicações na literatura. O estudo inicial da revisão proposta constata que o país foco com maior número de trabalhos é a China. Tal fato pode indicar a importância desse país no cenário geopolítico mundial, sobretudo como ameaça à hegemonia dos Estados Unidos.

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Publicado

11-10-2022

Como Citar

1.
Henriques Cintra L, da Costa Marques MC. O impacto das ações da China, Estados Unidos e Rússia na diplomacia da vacina contra COVID-19. J Manag Prim Health Care [Internet]. 11º de outubro de 2022 [citado 4º de novembro de 2024];14(spec):e028. Disponível em: https://jmphc.emnuvens.com.br/jmphc/article/view/1277

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