Esta é uma versão desatualizada publicada em 13-09-2021. Leia a versão mais recente.

A abordagem da questão do trabalho no campo da Saúde Coletiva com seus limites e desafios

uma revisão narrativa

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14295/jmphc.v13.1159

Palavras-chave:

Saúde do Trabalhador, Saúde Pública, Sistema Único de Saúde, Determinantes Sociais da Saúde

Resumo

Neste estudo, busca-se compreender como o campo científico da Saúde Coletiva vem abordando a questão do trabalho ao longo das décadas de implantação do Sistema Único de Saúde. Realizou-se uma revisão narrativa da literatura sobre a questão do trabalho no campo da Saúde Coletiva. Foram selecionados três periódicos representativos do campo da Saúde Coletiva: Cadernos de Saúde Pública; Ciência & Saúde Coletiva; e Trabalho, Educação e Saúde. A busca contemplou os artigos cadastrados nas bases de dados Lilacs – Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde e Medline – Medical Literature Analysis and Retrieval System Online da BVS. Utilizou-se o item-chave ‘Saúde do Trabalhador’, incluindo-o para as três revistas. Após o processo de seleção, 34 artigos foram escolhidos e discutidos com base em quatro dimensões de análise: 1) Saúde do Trabalhador: constituição de um campo interdisciplinar; 2) Gênero, trabalho e saúde; 3) Saúde do Trabalhador e Saúde Ambiental; 4) Determinação social ou determinantes sociais da saúde? Utilizou-se como referencial teórico para a análise a perspectiva marxista sobre a centralidade do trabalho. Identificou-se um relevante debate sobre a constituição do campo interdisciplinar denominado Saúde do Trabalhador, mas verificou-se que foi pouco abordada a relação entre ele e o campo mais abrangente da Saúde Coletiva. Considera-se importante afirmar que faltam instrumentos que possam compreender a totalidade heterogênea do mundo do trabalho contemporâneo. O debate sobre a determinação social da saúde aparece pouco nos artigos incluídos na revisão, ao mesmo tempo em que muitos deles adotam o termo determinantes sociais sem maior reflexão. A Saúde Coletiva deixa de reivindicar a centralidade do trabalho quando se afasta da teoria da determinação social da saúde.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Francisco Mogadouro da Cunha, Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP)

Mestre em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo

Aquilas Mendes, Universidade de São Paulo

Professor Livre Docente da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de Sâo Paulo e Professor Doutor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Referências

1. Druck G. A precarização social do trabalho no Brasil. In: Antunes R (org.) Riqueza e miséria do trabalho no Brasil II. São Paulo: Boitempo, 2013. p. 55-74
2. Oliveira ACO, Soares M. Superexploração da força de trabalho e as condições de trabalho na pandemia: conservadorismo e a questão étnico-racial. In: Sousa AAS, Oliveira ACO, Silva LB, Soares M (Orgs.). Trabalho e os limites do capitalismo: novas facetas do neoliberalismo. Uberlândia: Navegando Publicações, 2020. p. 105-130.
3. Druck G. A terceirização na saúde pública: formas diversas de precarização do trabalho. Trabalho, Educação e Saúde [online]. 2016, v.14, n. Suppl, p. 15-43. https://doi.org/10.1590/1981-7746-sol00023
4. Cegatti F, Carnut L, Mendes Á. Terceirizações na área da saúde no Brasil: reflexos no SUS, nas políticas sociais e nos trabalhadores. JMPHC. Journal of Management and Primary Health Care, v. 12, p. 1-41, 2020. https://doi.org/10.14295/jmphc.v12.978
5. Mendes Á, Carnut L. Capital, Estado, Crise e a Saúde Pública brasileira: golpe e desfinanciamento. SER Social (Online), v. 22, p. 9-32, 2020. https://doi.org/10.26512/ser_social.v22i46.25260
6. Schraiber LB. Saúde Coletiva: um campo vivo. In: Reforma Sanitária Brasileira: Contribuição para a compreensão e crítica. Salvador, Rio de Janeiro: Edufba, Editora Fiocruz, 2008.
7. Campos GWS. Saúde pública e saúde coletiva : campo e núcleo de saberes e práticas. Ciência & Saúde Coletiva, v. 5, n. 2, p. 219–230, 2000. https://doi.org/10.1590/S1413-81232000000200002
8. Paim JS. Reforma Sanitária Brasileira: Contribuição para a compreensão e crítica. Salvador, Rio de Janeiro: Edufba, Editora Fiocruz, 2008.
9. Mendes Á, Carnut L. Crise do capital, Estado e neofascismo: Bolsonaro, saúde pública e atenção primária. Revista da Sociedade Brasileira de Economia Política, v. 57, p. 174-210, 2020. Disponível em: https://www.revistasep.org.br/index.php/SEP/article/view/636
10. Dantas AV. Do Socialismo à Democracia: dilemas da classe trabalhadora no Brasil recente e o lugar da Reforma Sanitária Brasileira. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2014.
11. Silva TH. Entre o Consenso e o Minotauro da Saúde: um balanço da estratégia da Reforma Sanitária Brasileira. In: Fleury S. (org.) Teoria da Reforma Sanitária: diálogos críticos. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2018. p. 291-336.
12. Packer AL. Indicadores de centralidade nacional da pesquisa comunicada pelos periódicos de Saúde Coletiva editados no Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, v. 20, n. 7, 2015. https://doi.org/10.1590/1413-81232015207.07122015
13. Lacaz FAC. Saúde dos trabalhadores: cenário e desafios. Cadernos de Saúde Pública, v. 13, n. suppl 2, p. S07-S19, 1997. https://doi.org/10.1590/S0102-311X1997000600002
14. BRASIL. Portaria 1.823, de 23/08/2012, 2012. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2012/prt1823_23_08_2012.html>
15. Deppe H. Novas Técnicas, Medicina do Trabalho e Saúde. Cadernos de Saúde Pública, v. 6, n. 4, p. 422–443, 1990.
16. Minayo-Gomez C, Thedim-Costa SMDF. A construção do campo da saúde do trabalhador: percurso e dilemas. Cadernos de Saúde Pública, v. 13, p. 21–32, 1997.
17. Lacaz FAC. O campo Saúde do Trabalhador: resgatando conhecimentos e práticas sobre as relações trabalho-saúde. Cadernos de Saúde Pública, v. 23, n. 4, p. 757–766, 2007.
18. Laurell AC, Noriega M. Processo de Produção e Saúde: Trabalho e Desgaste Operário. São Paulo: Hucitec, 1989.
19. Porto MFS, Almeida GES. Significados e limites das estratégias de integração disciplinar: uma reflexão sobre as contribuições da saúde do trabalhador. Ciência & Saúde Coletiva, v. 7, n. 2, p. 335–347, 2002.
20. Minayo-Gomez C, Thedim-Costa SMDF. Incorporação das ciências sociais na produção de conhecimentos sobre trabalho e saúde. Ciência & Saúde Coletiva, v. 8, n. 1, p. 125–136, 2003.
21. Minayo-Gomez C, Lacaz FAC. Saúde do trabalhador: novas-velhas questões. Ciência & Saúde Coletiva, v. 10, n. 4, p. 797–807, 2005.
22. Mendes R. Produção científica brasileira sobre saúde e trabalho, publicada na forma de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado, 1950-2002. Revista Brasileira de Medicina do Trabalho, v. 1, n. 2, p. 87–118, 2003.
23. Sato L. As implicações do conhecimento prático para a vigilância em saúde do trabalhador. Cadernos de Saúde Pública, v. 12, n. 4, p. 489–495, 1996.
24. Sato L. Prevenção de agravos à saúde do trabalhador: replanejando o trabalho através das negociações cotidianas. Cadernos de Saúde Pública, v. 18, n. 5, p. 1147–1166, 2002.
25. Sato L. LER: objeto e pretexto para a construção do campo trabalho e saúde. Cadernos de Saúde Pública, v. 17, n. 1, p. 147–152, 2001.
26. Sato L, Bernardo MH. Saúde mental e trabalho: os problemas que persistem. Ciência & Saúde Coletiva, v. 10, n. 4, p. 869–878, 2005.
27. Leão LHC, Minayo-Gomez C. A questão da saúde mental na vigilância em saúde do trabalhador. Ciência & Saúde Coletiva, v. 19, n. 12, p. 4649–4658, 2014.
28. Brant LC, Minayo-Gomez C. A transformação do sofrimento em adoecimento: do nascimento da clínica à psicodinâmica do trabalho. Ciência & Saúde Coletiva, v. 9, n. 1, p. 213–223, 2004.
29. Freire PA. Assédio Moral e Saúde do Trabalhador. Trabalho, Educação e Saúde, v. 6, n. 2, p. 367–380, 2008.
30. Ramminger T, Ahayde MRC, Brito J. Ampliando o diálogo entre trabalhadores e profissionais de pesquisa: alguns métodos de pesquisa-intervenção para o campo da Saúde do Trabalhador. Ciência & Saúde Coletiva, v. 18, n. 11, p. 3191–3202, 2013.
31. Brito JC, D’acri V. Referencial de análise para o Estudo da Relação Trabalho, Mulher e Saúde. Cadernos de Saúde Pública, v. 7, n. 2, p. 201–214, 1991.
32. Aquino EML, Menezes GMS, Marinho LFB. Mulher, saúde e trabalho no Brasil: desafios para um novo agir. Cadernos de Saúde Pública, v. 11, n. 2, p. 281–290, 1995.
33. Brito JC. Uma proposta de vigilância em saúde do trabalhador com a ótica de gênero. Cadernos de Saúde Pública, v. 13, n. Supl. 2, p. 141–144, 1997.
34. Brito JC. Enfoque de gênero e relação saúde/trabalho no contexto de reestruturação produtiva e precarização do trabalho. Cadernos de Saúde Pública, v. 16, n. 1, p. 195–204, 2000.
35. Brito JC. Trabalho e Saúde Coletiva: o ponto de vista da atividade e das relações de gênero. Ciência & Saúde Coletiva, v. 10, n. 4, p. 879–890, 2005.
36. Franco T, Druck G. Padrões de industrialização, riscos e meio ambiente. Ciência & Saúde Coletiva, v. 3, n. 2, p. 61–72, 1998.
37. Porto MFS, Freitas CM. Análise de riscos tecnológicos ambientais: perspectivas para o campo da saúde do trabalhador. Cadernos de Saúde Pública, v. 13, n. Supl. 2, p. 59–72, 1997.
38. Porto MFS. Saúde do trabalhador e o desafio ambiental: contribuições do enfoque ecossocial, da ecologia política e do movimento pela justiça ambiental. Ciência & Saúde Coletiva, v. 10, n. 4, p. 829–839, 2005.
39. Tambellini AT, Câmara VM. A temática saúde e ambiente no processo de desenvolvimento do campo da saúde coletiva: aspectos históricos, conceituais e metodológicos. Ciência & Saúde Coletiva, v. 3, n. 2, p. 47–59, 1998.
40. Silva JM et al. Agrotóxico e trabalho: uma combinação perigosa para a saúde do trabalhador rural. Ciência & Saúde Coletiva, v. 10, n. 4, p. 891–903, 2005.
41. Schulte PA, Salamanca-Buentello F. Ethical and scientific issues of nanotechnology in the workplace. Ciência & Saúde Coletiva, v. 12, n. 5, p. 1319–1332, 2007.
42. Muntaner C. Global precarious employment and health inequalities: working conditions, social class, or precariat? Cadernos de Saúde Pública, v. 32, n. 6, p. e00162215, 2016.
43. Lacaz FAC. O campo Saúde do Trabalhador: resgatando conhecimentos e práticas sobre as relações trabalho-saúde. Cadernos de Saúde Pública, v. 23, n. 4, p. 757–766, 2007.
44. Alves RB. Vigilância em saúde do trabalhador e promoção da saúde: aproximações possíveis e desafios. Cadernos de Saúde Pública, v. 19, n. 1, p. 319–322, 2003.
45. Ianni O. A ideia do Brasil moderno. São Paulo: Brasiliense, 2004.

Downloads

Publicado

13-09-2021

Versões

Como Citar

1.
da Cunha FM, Mendes A. A abordagem da questão do trabalho no campo da Saúde Coletiva com seus limites e desafios: uma revisão narrativa. J Manag Prim Health Care [Internet]. 13º de setembro de 2021 [citado 3º de dezembro de 2024];13:1-28. Disponível em: https://jmphc.emnuvens.com.br/jmphc/article/view/1159

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)

<< < 1 2 3 

Artigos Semelhantes

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.